Música 1 de outubro
Dia Internacional da Música no Museu Nacional da Música
No dia 1 de outubro, o Museu Nacional da Música celebra o Dia Internacional da Música com uma programação que não vai querer perder.
PROGRAMA
16h00 | Temporada Cruzada Portugal-França 2022 | LÉO & BRUNO BELTHOISE VIOLINO | PIANO
18h00 | Um Músico, Um Mecenas | MARCOS MAGALHÃES no cravo TASKIN de 1782
16h00 | Temporada Cruzada Portugal-França 2022 | LÉO & BRUNO BELTHOISE VIOLINO | PIANO
O recital é gratuito. A entrada no Museu faz-se através do bilhete normal (3 EUR), com os habituais descontos aplicáveis.
Reservas: 217710990
LÉO & BRUNO BELTHOISE (VIOLINO | PIANO)
interpretam
LUIZ COSTA – MAURICE RAVEL – JOÃO VASCO – CLAUDE DEBUSSY
Um Programa da Temporada Cruzada Portugal-França 2022
Concebido pelo pianista Bruno Belthoise e pelo violinista Léo Belthoise, este concerto celebra a Temporada Portugal-França 2022 com obras de dois compositores franceses e de dois compositores portugueses. Este programa permite redescobrir duas obras emblemáticas da música francesa: as sonatas de Claude Debussy e Maurice Ravel. Para dialogar com estas obras, os intérpretes apresentam a luminosa Sonatina op. 18 do compositor português Luiz Costa e dão destaque à obra Mécanismes para violino e piano que o compositor João Vasco compôs especialmente para os interprétes, uma peça muito contrastante e com um ritmo frenético e irresistível.
A Program for Cross-Season Portugal-France 2022
Imagined by pianist Bruno Belthoise and violinist Léo Belthoise, this concert celebrates the 2022 Portugal-France Season with works by two French composers and two Portuguese composers. This program allows to rediscover two emblematic works of French music: the sonatas by Claude Debussy and Maurice Ravel. To dialogue with these works, the performers present the luminous Sonatina op. 18 by the Portuguese composer Luiz Costa and Mécanismes for violin and piano that the composer João Vasco wrote especially for them, a very contrasting piece with a frenetic and irresistible rhythm.
PROGRAMA
(sem pausa)
LUIZ COSTA (1879 – 1960)
Sonatina op.18, para Violino e Piano (1947 / 1950)
- Allegro moderato
- Scherzando
- Lento
- Vivamente
MAURICE RAVEL (1875 – 1937)
Sonate “posthume”, pour violon et piano (1897)
JOÃO VASCO (b. 1976)
Mécanismes, para violino e piano (2021)
CLAUDE DEBUSSY (1862 – 1918)
Sonate, pour violon et piano (1917)
- Allegro vivo
- Intermède (Fantasque et léger)
- Finale (très animé)
Léo Belthoise | violino
Membro do Ensemble Sillages e violino solo do Barcelona Modern Ensemble, Léo Belthoise dedica grande parte da sua actividade à música contemporânea. Tendo estudado anteriormente sob a orientação de Raphaël Oleg na Musik Akademie Basel, é apoiado pela Fundação Suíça para Jovens Músicos e pelo Fundo Artístico Regional de Ile-de-France e actua regularmente como músico de câmara em palcos internacionais, como o Arsenal em Metz, a Casa da Musica no Porto, o Auditori em Barcelona, o Teatro del Canal em Madrid, a Radio Concert Hall em Genebra, o Tonhalle em Zurique, o Cortot Hall em Paris, a ZeitRaüme Biennale em Basileia, o GRAME-CNSMD em Lyon e o Teatro Reiter em Munique. Colaborou em transmissões da rádio na France Musique, RTS, Antena 2 e Bayerischer Rundfunk. Uma estreita colaboração com compositores como Martin Matalon, Demian Luna, Ariadna Alsina e Alexandros Markeas levou-o a explorar e ampliar constantemente as possibilidades técnicas e musicais de seu instrumento. O seu disco a solo dedicado às obras de Manon Lepauvre e Toshio Hosokawa será lançado em 2023. Actualmente grava com o Trio Pangea uma antologia para a editora NAXOS. www.leobelthoise.com
Bruno Belthoise | piano
Bruno Belthoise é um intérprete e improvisador distinguido pela Fondation Robert Laurent-Vibert. Recebeu o prémio da Fondation de France em 1988. No ano seguinte, obteve o Diplôme Supérieur d’Exécution na École Normale de Musique de Paris e, em 1997, foi nomeado “Revelação Clássica” da ADAMI. Prosseguiu a sua formação com Françoise Buffet-Arsenijevic, Bruno Rigutto, François-René Duchâble e Helena de Sá e Costa. Bruno Belthoise é convidado a tocar com frequência em França e no estrangeiro a interpretar repertório que vai de Bach aos compositores dos nossos dias. Aprecia o desafio do recital a solo mas a música de câmara ocupa desde sempre um lugar essencial na sua carreira. Apresentou-se na Casa da Música (Porto), na Salle Gaveau (Paris), no Centro Cultural de Belém (Lisboa), no Tribeka Film Center (Nova Iorque), na Place des Arts (Montreal), na National Library of Australia (Canberra), na Musikhaus (Viena). Também o ouvimos na France Musique (rádio clássica francesa), na Saarländischer Rundfunk (Sarbruque) e em inúmeros concertos transmitidos em directo pela RTP-Antena 2. Estando activamente envolvido na estreia de obras dos nossos dias, Bruno Belthoise interpretou Emmanuel Hieaux, Alexandre Delgado, Bernard de Vienne, Sébastien Béranger, Edward Ayres d'Abreu, Jean-Pierre Deleuze, Louis Marischal, Fernando Lapa, Sérgio Azevedo e Carlos Marecos. A sua discografia conta com cerca de trinta discos que espelham a criatividade do seu percurso. Desde 1993, colabora regularmente com o quinteto de sopros Le Concert Impromptu, criando com este ensemble vários espectáculos no domínio da Cross-Opera. Apaixonado pela arte de contar histórias, que ele associa ao seu piano, realizou vários concertos narrados para o público jovem e gravou discos para a La Librairie Sonore da etiqueta Frémeaux &Associés.
Após vinte e cinco anos de trabalho de pesquisa e interpretação em torno da música portuguesa, a cultura deste país tornou-se para o pianista uma segunda pátria, empenhando-se na divulgação de compositores portugueses mas sem hesitar em criar pontes com a música francesa. Membro fundador do Trio Pangea, prepara actualmente com este ensemble a gravação de uma série de cinco discos intitulada Portuguese Piano Trios para a etiqueta Naxos, incluindo maioritariamente primeiras gravações mundiais. Em 2013, Bruno Belthoise deu origem ao primeiro volume da coleção de partituras antológicas Compositores Portugueses - Repertório para pianistas, publicada pela AvA Musical Editions. Os seus projectos são apoiados pelas mais importantes instituições ligadas à cultura portuguesa: Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto Camões, Arte Institute of New York, MPMP, Fundação GDA e RTP-Antena 2. Em 2022, numa digressão com quatro orquestras apoiada pela Temporada Portugal-França 2022, estreou o Concerto para piano e orquestra op. 78 de Anne Victorino d'Almeida.
www.brunobelthoise.com
18h00 | Um Músico, Um Mecenas | MARCOS MAGALHÃES
Música Francesa no cravo TASKIN de 1782
Entrada livre
Reservas: 217710990
MARCOS MAGALHÃES – Cravista e maestro
Nasceu em Lisboa, licenciado em cravo pela E.S.M. de Lisboa e C.N.S.M. de Paris e doutorado em ciências musicais pela U. Nova. É actualmente professor no Liceu Francês.
Estudou com Cremilde Rosado Fernandes, Ketil Haugsand, Kenneth Gilbert, Françoise Marmim, Christophe Rousset e Kenneth Weiss.
Tem feito inúmeros concertos a solo e em grupo, em Portugal e no estrangeiro.
Colaborou e dirigiu em várias ocasiões a Orquestra Metropolitana. Também já dirigiu a Orquestra Sinfónica Portuguesa e Helsinki Baroque Orchestra.
Fundou, em conjunto com Marta Araújo, Os Músicos do Tejo, grupo dedicado à música antiga e como o qual dirigiu as óperas La Spinalba de F. A. de Almeida, Lo Frate Nnamorato de G.B Pergolesi, Le Carnaval et la Folie de A.C. Destouches, a serenata de F. A. de Almeida Il Trionfo d'Amore e Dido e Eneias de H. Purcell (fund. Gulbenkian). Com o mesmo grupo gravou já seis discos. Dois em edição de autor - Sementes do Fado (com Ana Quintans e Ricardo Rocha), As Árias de Luísa Todi (com Joana Seara) e três na editora Naxos - La Spinalba e Il Trionfo d'Amore, ambas obras de F. A. de Almeida, From Baroque to Fado (com Ana Quintans e Ricardo Ribeiro) e Il Mondo della Luna de Avondano.
SOBRE O INSTRUMENTO MUSICAL
Classificado como Tesouro Nacional, o cravo Taskin (inv. nº MNM 1096) data de 1782 e foi construído pelo belga Pascal-Joseph Taskin (1723-1793) radicado em Paris, que trabalhou na oficina da família Blanchet, celebrizada por ilustres mestres construtores. Pascal-Joseph Taskin fez parte da Corporação de Construtores e trabalhava para a Casa Real e para o Rei Louis XVI de França. Em 1780, construíam-se cravos e pianofortes na sua oficina que, apesar da ligação à corte, continuou próspera e imune à Revolução Francesa, até à data da morte de Taskin em 1793.
Com a Revolução Francesa foram destruídos muitos bens patrimoniais, entre os quais cravos que pertenciam a membros da nobreza. Aliado a este fator, o aparecimento do piano contribuiu também para o desaparecimento gradual deste tipo de instrumento. Assim, a coleção de cravos de Pascal-Joseph Taskin ficou reduzida a 8 exemplares que estão espalhados por várias partes do mundo, em museus e coleções particulares.
O instrumento musical do Museu Nacional da Música tem elevado valor histórico, estético, técnico e material, por ter sido um exemplar construído a pedido do rei francês para o oferecer à sua irmã Marie Clotilde. Concebido de forma luxuosa, é considerado um dos melhores exemplos do trabalho requintado deste grande construtor.
É decorado com chinoiserie relevada e policromada de muito boa qualidade.
A rosácea de Andreas Ruckers, o tampo harmónico decorado com motivos florais e datado de 1636 e a inscrição «Andre Rukuers Anee 1636» no frontal, remetem partes do instrumento para uma autoria anterior. Designado por ravalement, o reaproveitamento de partes de instrumentos mais antigos de mestres famosos era um procedimento habitual na oficina de Pascal Taskin. Segundo testes dendrocronológicos, cujos resultados foram conhecidos em fevereiro de 2019, a parte da madeira com inscrições Ruckers data de facto do séc. XVII (1625). No entanto, a confirmação da assinatura «Ruckers» requer peritagem, a ser levada a cabo num futuro próximo.
O Cravo Taskin esteve sempre ligado a figuras relevantes da aristocracia europeia: o rei de França, que fez a encomenda do instrumento, Marie Clotilde, sua irmã, a quem o cravo foi oferecido, o rei Umberto II de Itália, obsequiado pela cidade de Turim com este instrumento musical no seu casamento e, finalmente, a Marquesa de Cadaval, que o recebeu do Rei Umberto II. Os vínculos institucionais reforçam também a sua importância: a Corte Francesa, a Corte da Sardenha (por casamento de Marie Clotilde com o príncipe Carlos Emanuel IV, futuro rei da Sardenha), o Museo Civico di Arte Antica da cidade de Turim (antes de ser seu proprietário Umberto II), a Casa de Sabóia, e o Estado Português, que o adquiriu e classificou como Tesouro Nacional.
O processo de restauro deste instrumento foi complexo e minucioso e resultou também num saudável e constante diálogo entre o museu e vários investigadores, cravistas e restauradores.
O restaurador Ulrich Weymar foi o autor da intervenção na mecânica do cravo; técnicos de madeira e pintura do Laboratório José de Figueiredo consolidaram a caixa e recuperaram a decoração; finalmente, o restaurador Geert Karman fez a harmonização e um novo jogo de saltarelos.
A recuperação do cravo Taskin foi, sem dúvida, uma notícia muito esperada e importante para o património organológico português e mundial. Como reconhecimento por este trabalho multidisciplinar, o Museu Nacional da Música ganhou o Prémio APOM 2019 na Categoria Conservação e Restauro.
- Organização:
- MNM/DGPC
- Local:
- Museu Nacional da Música, Lisboa