Música 24 de julho, às 17h00
Concerto | Tiago Sousa ao piano com a participação especial da violoncelista Bruna Maia Moura
Tiago Sousa é um compositor e pianista que ao longo dos últimos dez anos tem desenvolvido uma linguagem muito pessoal, longe dos cânones e academismos. Acompanhado pela violoncelista Bruna Maia Moura, apresenta no Museu Nacional da Música composições suas e de algumas das suas referências: John Cage, Federico Mompou e Arvo Pärt.
O uso de máscara é obrigatório e garantiremos todas as normas de distanciamento social e higienização do espaço. A entrada é livre.
TIAGO SOUSA apresenta-se como um caso raro na abordagem ao piano. Diversificado demais para os cânones da escola clássica, nele ouvimos elementos jazzísticos difusos, referências reunidas na antiga filosofia oriental e uma infinidade de mundos entrelaçados. Embora íntima, a subtileza e a magnitude da implosão emocional das suas peças não têm outro habitat para além da universalidade. O seu género musical é genuinamente livre e libertador na sua dimensão mais ampla, revelando um véu onírico que elogia o palco telúrico com orgulho. É um pianista virtuoso na capacidade de enumerar os silêncios e as suas vantagens enquanto partitura na composição e que podemos escutar em discos como “Insónia” (2009), “Walden Pond's Monk” (2011), “Samsara” (2013) ou o mais recente “Piano nas Barricadas” (2016).
PROGRAMA
Dizer que a música nasce do silêncio é uma afirmação banal. A música estabelece-se nesta relação com o silêncio, sem dúvida, da mesma forma como a cor se estabelece na sua relação com a sombra ou o habitar se estabelece com o espaço. Estaremos talvez mais perto de uma afirmação relevante se dissermos que todo o ato musical parte do tédio e da contemplação, de um demorar-se, da experiência temporal que o silêncio provoca como o vazio total de significação, o Nada. O silêncio, como a contemplação, têm a relevância de chamar a atenção para a experiência do Tempo, que pode ser hipnótica e plástica. Deste modo, releva-se a serenidade e o recato em contraponto à ênfase insistente no agir. Talvez assim possamos evidenciar como entre a música e o silêncio se estabelece, sobretudo, um diálogo. Numa sociedade em que a necessidade, a produtividade e o trabalho ocupam um lugar central, a experiência do silêncio, assim como a experiência musical, são manifestações desvinculadas de qualquer preocupação ou necessidade, que nos remetem para um estado de liberdade das necessidades e limitações da vida.
Para Tiago Sousa a música é precisamente este espaço de comunicação do indizível, de relação com o instante e com a repetição e a intimidade. A partir de composições suas, e composições de algumas das suas referências, caso dos compositores Federico Mompou, John Cage e Arvo Pärt, será abordado o tema proposto por este programa.
JOHN CAGE
- 4’33’’
- Dream
FEDERICO MOMPOU
- La Barca
- Pajaro Triste
- Secreto
- Música Callada (excerto)
ARVO PÄRT
- Spiegel Im Spiegel
- Fur Alina
TIAGO SOUSA
- Elogio da Sombra
- Quietude
- Angst
- 3 AM
- Organização:
- MNM/DGPC
- Local:
- Museu Nacional da Música, Lisboa